Invadi o espaço físico do antigo e abandonado casarão e disparei meu olhar para aquela quantidade incontável de telas espalhadas pelas paredes. As molduras eram diversas, mas todas os quadros eram, na realidade, cópias uns dos outros. A mesma imagem, um homem vestindo terno preto e gravata vermelha, com pequenas modificações de uma obra pra outra.
Mesmo percebendo que estava sozinho, me senti estranho por estar mal vestido diante “deles”. Subi as escadas e, ao entrar em outra sala, notei que eu já não mais trajava a calça jeans desbotada, mas havia me tornado um deles, outro engravatado.
Minhas memórias foram se perdendo. Aos poucos, já não me restava mais nenhum traço de lembrança sobre quem eu era antes de entrar ali sem um convite.
Deparei-me com uma moldura vazia, sem tela. Abaixo dela o meu nome seguido de um imperativo: “Descanse!”.
5 comentários:
Belo texto, Marlon! Adorei sua interpretação da obra. Super original.. beijinhos..
Muito bacana.
Curti demais
Pedro Roiz
Muito foda seu texto Marlon!
Já pensou em estender e fazer do conto um livro? Acho que é uma ideia válida!
Adorei!
Seus textos estão cada vez melhors..
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