sábado, 21 de janeiro de 2012

{Amor a Toda Prova}

Ao espectador desatento, o longa americano pode parecer simplesmente mais uma comédia romântica que trata (muito bem, diga-se de passagem) de relações familiares e como elas influenciam diretamente quem nós somos e a nossa visão do mundo que nos cerca. Entretanto, basta mergulhar um pouco mais nas inúmeras camadas de compreensão que a fita  proporciona para descobrir uma história muito mais rica em valores.


Ao colocar em cena um casal, unido desde os tempos de colégio, em franca crise no relacionamento, Amor a toda Prova nos desperta sensações que já vivenciadas ou não pelo público, tocam tão perto de nossas perspectivas de vida e idealizações de futuro que, em certos momentos, chegam a soar como um corte seco na garganta.

Além disso, várias referências são lançadas ao longo das quase duas horas de exibição. A mais clara delas talvez seja a alusão à Teoria dos Seis Níveis de Separação, cujo nome do idealizador eu francamente não me recordo, mas que me foi apresentada pela querida Clara Wasserman. É difícil acreditar, mas o mundo é, na realidade, um grande banco de dados e nós, o conteúdo deste grande database. “A maior distância entre dois seres humanos escolhidos de forma aleatória é de seis níveis.” O estudo bebe um pouco da fonte da Teoria das Cordas, mas ao contrário de seu irmão mais conhecido, aqui o foco são as relações interpessoais. Quando em sua vida Cal (Steve Carell) imaginaria que o novo namorado de sua filha seria justamente o cara boa pinta que lhe ensinara a ser um cafajeste? Quando Robbie, seu filho, imaginaria que a grande paixão da menina dos seus sonhos seria justamente o seu recém-separado pai?

Mais do que um drama, uma comédia (ou uma dramédia), “Crazy, Stupid, Love” faz com que o público se reconheça nas situações vivenciadas pelas personagens, sejam elas agradáveis ou não. A escolha do widescreen é outro grande acerto do diretor. Tudo em cena funciona. Cada detalhe inserido em tela larga parece compor o mosaico emocional vislumbrado pelo seu idealizador.

É bom saber que as comédias que inspiram voltaram e com um bom fôlego. Isso sem citar as brilhantes presenças de Emma Stone, Steve Carell, Juliana Moore, Ryan Gosling e cia. Mas falar sobre isso seria, em bom Português, chover no molhado. Num filme onde sobram boas atuações, o que sobressai na realidade é o conjunto da obra.

Um comentário:

Aline Netto disse...

Como sempre maravilhoso texto!!!
Eu adorei esse filme, logo sou suspeita para criticar e tal! rsrsrs

Aparece lá no blog e dê seus pitacos tb!

http://www.alinenetto.com.br/

Bjs queridão!