sexta-feira, 24 de abril de 2015

.Eu assisti: Vingadores - Era de Ultron.

Diferente do que se viu no primeiro filme, a continuação de Os Vingadores, batizada de ‘A Era de Ultron’, já começa com um plano sequência alucinante onde Joss Whedon mostra porque é o diretor de uma das franquias cinematográficas mais bem sucedidas de todos os tempos. Se no longa anterior a cena onde os heróis aparecem em plano contínuo foi motivo de catarse para os fãs, dessa vez o trunfo foi posto na mesa logo no primeiro take de exibição. Como se a Marvel dissesse “Vocês gostaram disso? Então, tomem mais. Mas tomem logo agora, no começo, porque o que vem depois é ainda melhor.”





Se no filme lançado em 2012, estávamos apenas conhecendo a origem da junção desses heróis e entendendo o background que os cerca, neste, temos um universo já consolidado pelos episódios 2 de Capitão América (O Soldado Invernal), 2 de Thor (Mundo Sombrio) e 3 de O Homem de Ferro. Já conhecemos as habilidades, as fraquezas, defeitos e qualidades dos heróis. O que resta é entender como essas habilidades serão combinadas e que tipo de situação pode surgir dos segredos guardados nas gemas do universo, que permeiam esse universo cósmico da Marvel, escolhido para a introdução dos heróis.

Depois de neutralizar Loki e ameaça que ele representa (aliás, cadê menção ao Loki nesse filme?), dessa vez o inimigo surge do resultado de um erro de Tony Stark ao convencer Bruce Banner a criar uma inteligência artificial capaz de proteger a terra das invasões alienígenas. Como já era de se esperar, a coisa foge ao controle de tal forma que rixas internas crescem no grupo - provavelmente construindo os pilares de sustentação para o Guerra Civil (Capitão América 3, de acordo com o calendário divulgado pela Marvel).

Em termos técnicos, este segundo episódio passa por uma grande evolução. As cenas de batalha, além de muito bem coreografadas, encaixam-se no contexto da obra. Não são utilizadas apenas com a finalidade de apresentar os poderes dos protagonistas, mas fazem conexões diretas entre uma cena e outra, costurando o roteiro. Outro ponto bastante interessante e que precisa ser creditado como evolução é a otimização do trabalho de proporção de tela. Dessa vez, a fotografia pode explorar muito mais elementos por frame de película, uma vez que, foi utilizada a proporção de cinema (ampla), diferente da proporção de TV show do primeiro filme.

Os maiores erros e acertos ficam por conta do roteiro. Há que se parabenizar Joss Whedon (que além de dirigir, assina o texto) pela escolha em dar um enfoque maior a parte humana de cada personagem e também pela divisão do tempo de tela entre os protagonistas. Apresentar o lado civil dos mesmos nos coloca frente aos medos deles e isso faz com que sintamos empatia por eles. Entretanto, o calcanhar de aquiles do filme está em seu vilão. Ultron já surge poderoso, sem muitas explicações e sem motivos aparentes para seu desejo de extinção da raça humana. Demora para que o espectador o encare como ameaça. E sem um algoz à altura nenhum herói é posto a prova. O terceiro e último arco salva esta questão, sobretudo com a inserção dos irmãos Pietro (Mercúrio) e Wanda (Feiticeira Scarlatti), novos e poderosos elementos da história.

Em resumo, Age of Ultron vai além de qualquer expectativa como sequência de um filme tão bem sucedido. Além de nos prender aos heróis, vemos aqui coadjuvantes de todas as subtramas individuais e isso nos coloca na dimensão do universo Marvel dos cinemas. Competente, bem executado e divertido na medida certa. Que venha a Guerra Civil!

Nota: 8/10

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Eu assisti: Lucy

Scarlett Johansson em filmes de ação não chega a ser uma novidade, mas com certeza é em Lucy, produção francesa do diretor Luc Besson (O Quinto Elemento), que a atriz consegue mesclar excelentes momentos de interpretação dramática com cenas certeiras de ação capazes de convencer o espectador de que é uma ótima opção também para filmes comerciais.



Lucy é ambientado em um mundo que é conduzido pela máfia, gangues de rua, viciados em drogas e policiais corruptos. Lucy, uma mulher que vive em TaipéTaiwan, é obrigada a trabalhar como uma mula de drogas para a máfia. A droga implantada em seu corpo vaza inadvertidamente em seu sistema, alterando-a para uma capacidade cerebral sobre-humana de acesso muito maior do que o normal de 10%. Ela pode absorver conhecimento instantaneamente, é capaz de mover objetos com a mente, e não pode sentir dor e outros desconfortos.

Morgan Freeman, como sempre, empresta sua sinceridade cênica ao interpretar um professor especialista que, num primeiro momento, discursa sobre o processo evolutivo para uma platéia (que apesar de ser concreta, também pode ser entendida como o próprio público) e, num segundo instante, assume um papel mais decisivo para os desdobramentos da trama. 

O longa poderia cair no clichê e transformar a personagem título em alguém que, assumindo seus "poderes", tentasse imprimir um caráter vilanesco, utilizando os mesmos para dominação dos demais e interesses pessoais. Entretanto, e pra mim este é o maior acerto do filme, o diretor decidiu que este não seria um simples roteiro de ação, mas um filme de um ser humano aprendendo a lidar com sua nova condição e, em paralelo, entendendo os processos evolutivo e psíquico. Uma vez ultrapassada as barreiras dos 10% de desenvolvimento mental, todas as leis (matemática, física e etc) que conhecemos hoje são postas em xeque, pois foram formuladas de acordo com aquilo que possuímos de desenvolvimento do intelecto. Portanto, circunscritas na própria limitação humana.

Com referências incríveis, incluindo o quadro A CRIAÇÃO DE ADÃO, de Michelangelo, e uma série de imagens da vida selvagem que dialogam perfeitamente com as situações vividas no arco principal da trama, Lucy conta com belos planos que além de inteligentes em estética também apresentam uma funcionalidade primordial para a montagem do filme. Ponto para Luc Besson que apresenta uma obra inteligente e dinâmica e para Scarlett Johansson que se firma como uma atriz versátil e competente.








domingo, 20 de abril de 2014

Top 8 - Soundtracks dos últimos 10 anos

Uma das coisas que mais presto atenção em um filme são as músicas que ajudam a contar aquela história. Tenho o hábito de ouvir as trilhas sonoras completas dos filmes, mas sempre surge uma ou outra música que acaba se destacando. Nesse post vou fazer um Top 8 das trilhas que mais me agradaram no cinema nos últimos dez anos:

8) HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO (VAGALUMES CEGOS - CÍCERO)
O filme mais recente que assisti no cinema. Esperei pelo desenrolar dessa história desde que assisti o curta (EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO). A canção do Cícero caiu como uma luva para o filme, trazendo aquela sensação contemplativa de quando estamos apaixonados e ainda nem nos demos conta disso. O mais curioso é que o cantor estava na minha sessão desse filme e pude reparar ele cantarolando baixinho a própria música dentro do cinema. Ficou gravado na minha memória.




7) AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL (IT'S TIME - IMAGINE DRAGONS)
Esse filme é recheado de boas canções. Essa me chama atenção pois foi a primeira vez que ouvi uma música do Imagine Dragons (banda que, hoje, sou fã). Além de ter mil interfaces com a trama de Charlie, 'Its Time' me passa uma sensação nostálgica que conversa com a fotografia, o figurino, o roteiro, enfim.. quase tudo no filme parece dialogar muito bem com essa música. É a que melhor traduz, pra mim, o trio de protagonistas.



6) AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL (HEROES - DAVID BOWIE)
Já deu pra perceber que gosto bastante desse filme por conta das outras postagens do blog. E a trilha sonora dele é grande responsável por essa minha predileção. Conhecia pouquíssimo de David Bowie antes de assisti-lo e, o pouco que conhecia, não gostava. Não conseguia me conectar com suas letras. Até que assisti a famosa cena do túnel. Foi amor a primeira vista. Não passo um dia sem ouvir essa música e sem lembrar que 'We can be heroes.. just for one day..".





5) BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR (BREATH OF LIFE - FLORENCE & THE MACHINE)
Haters gonna hate, mas eu adoro esse filme e essa canção também. Já curtia muito o trabalho da Florence e fiquei impressionado com essa canção encomendada especialmente para o filme. Breath of Life é mais uma daquelas trilhas que não são trabalhadas em show, mas ganhou um espaço todo especial no meu coração e no meu celular. Os tons tribais conectam o espectador diretamente para a trama que, nesta roupagem nova, ganha contornos épicos. Impossível ouvir sem lembrar da atuação brilhante de Charlize Theron.




4) MEU MALVADO FAVORITO 2 (HAPPY - PHARRELL WILLIANS)
Nem preciso dizer muito sobre. Excelente letra, ritmo mais que apropriado pra embalar os Minions, sidekicks mais famosos que o próprio protagonista da história. Indicada ao Oscar, a canção extrapolou o filme e é uma das mais executadas nas rádios do mundo todo. Vida longa ao Pharrell!




3) 500 DIAS COM ELA (US - REGINA SPEKTOR)
Outra figurinha carimbada aqui do blog, Regina Spektor tem um talento incrível para criar melodias que ficam ecoando na nossa mente por um bom tempo.  'Us' permanece tocando na minha cabeça desde que ouvi pela primeira vez. A música dita o tom da primeira metade do filme e nos passa um pouco do encatamento que o protagonista sente pela Summer (Summer, vadia!)


2) DRIVE (A REAL HERO - COLLEGE FEAT. ELECTRIC YOUTH)
Um dos meus filmes favoritos da vida toda e uma música que cresce à medida que o personagem vai se dando conta do ninho de cobras em que se meteu. Conhecia pouco de Electric Youth, mas depois de 'A Real Hero' fiquei viciado em todas as músicas. Feliz descoberta!



1) SHAME (NEW YORK, NEW YORK - CAREY MULLIGAN) 
Um respiro necessário para uma trama tão densa quanto a de Shame (apesar de ser logo no início do filme). Muita coisa nos é apresentada enquanto Carey Mulligan interpreta brilhantemente o clássico de Sinatra. É como se os personagens fossem se despindo de suas armaduras durante os cinco minutos de canção. O detalhe curioso é que a atriz gravou a cena de primeira e, segundo sites americanos, ao vivo.





sexta-feira, 7 de março de 2014

Crítica: Robocop (2014)

Quando soube que o diretor brasileiro responsável pelo sucessos de público e crítica TROPA DE ELITE e TROPA DE ELITE 2 foi contratado para dirigir o novo filme do policial robô confesso que pensei que o cara não conseguiria acertar a mão numa produção de tão grande porte. Errei feio!

O novo filme mistura os conceitos de remake e reboot, ao passo que representa bem o primeiro filme da franquia (1987) e, ao mesmo tempo, desloca o eixo da trama para a vida do policial Alex Murphy. Percebe-se um empenho intenso em traduzir de maneira humana as sensações de alguém que passa pelo processo de maquinização.

Padilha acertou ao transformar as dúvidas apontadas sobre as mudanças na base da trama original em enredo da nova trama. Tudo o que foi apontado como um erro nos rumores levantados durante a produção do longa foi apresentado e explicado de maneira bastante convincente como subsídio para a sua versão do Robocop.

Outro grande acerto - e aqui observamos a mão de um diretor que imprimi suas inteligentes preferências ao invés de seguir as demandas apontadas pelo estúdio contratante - foi o forte cunho político presente na história. Mídia, governo, polícia e iniciativa privada postos em rota de colisão (lembram de Tropa de Elite 2? rs .. então). Padilha transportou parte significativa deste universo para uma zona mais tecnológica e global, do ponto de vista do alcance que este filme pode ganhar. Algumas pessoas dizem que ele não saiu da zona de conforto, eu diria que dirigir em Hollywood já é alteração suficiente na zona de conforto de qualquer um.

Mais pontos favoráveis surgem com a escolha de um ator protagonista pouco conhecido do público (Joel Kinnaman). A construção do arquétipo do herói nasce de forma mais original ( ainda mais do que a de um Capitão Nascimento da vida).

Levando em consideração a dificuldade de lidar com uma trama querida por boa parte da audiência e com as intempéries de uma produção de grande porte, o diretor brasileiro pode considerar seu primeiro passo na carreira internacional um movimento muito mais consistente do que era esperado.

Nota: 8.5




(Micro)Crítica: The Bling Ring

Já faz tempo que estava tentando conferir esse filme da diretora Sofia Coppola. Além de ser fã da cineasta (Um Lugar Qualquer :D), li muito sobre essa história dos jovens que invadiam a casa de celebridades para roubar seus pertences e fiquei ainda mais tentado quando soube ser baseado em fatos reais.

Sofia apostou em planos e enquadramentos certeiros e construiu muito bem cenas que sintetizam aquilo que outros diretores transformariam em mais 20 minutos de exibição.

Outro ponte forte do longa é a trilha sonora que cumpre seu papel de criar contornos para o desenvolvimento da trama. Trilha que é tão presente quanto um personagem. Por vezes, os personagens se calam e são as letras das músicas que trazem à tona os seus pensamentos.

Nota: 7