terça-feira, 13 de setembro de 2011

> Desconhecido

Invadi o espaço físico do antigo e abandonado casarão e disparei meu olhar para aquela quantidade incontável de telas espalhadas pelas paredes. As molduras eram diversas, mas todas os quadros eram, na realidade, cópias uns dos outros. A mesma imagem, um homem vestindo terno preto e gravata vermelha, com pequenas modificações de uma obra pra outra.

Mesmo percebendo que estava sozinho, me senti estranho por estar mal vestido diante “deles”. Subi as escadas e, ao entrar em outra sala, notei que eu já não mais trajava a calça jeans desbotada, mas havia me tornado um deles, outro engravatado.

Minhas memórias foram se perdendo. Aos poucos, já não me restava mais nenhum traço de lembrança sobre quem eu era antes de entrar ali sem um convite.

Deparei-me com uma moldura vazia, sem tela. Abaixo dela o meu nome seguido de um imperativo: “Descanse!”.

5 comentários:

Janaína disse...

Belo texto, Marlon! Adorei sua interpretação da obra. Super original.. beijinhos..

Anônimo disse...

Muito bacana.
Curti demais

Pedro Roiz

Bruno disse...

Muito foda seu texto Marlon!

Raquel disse...

Já pensou em estender e fazer do conto um livro? Acho que é uma ideia válida!

Joana Maciel disse...

Adorei!
Seus textos estão cada vez melhors..