sexta-feira, 7 de março de 2014

Crítica: Robocop (2014)

Quando soube que o diretor brasileiro responsável pelo sucessos de público e crítica TROPA DE ELITE e TROPA DE ELITE 2 foi contratado para dirigir o novo filme do policial robô confesso que pensei que o cara não conseguiria acertar a mão numa produção de tão grande porte. Errei feio!

O novo filme mistura os conceitos de remake e reboot, ao passo que representa bem o primeiro filme da franquia (1987) e, ao mesmo tempo, desloca o eixo da trama para a vida do policial Alex Murphy. Percebe-se um empenho intenso em traduzir de maneira humana as sensações de alguém que passa pelo processo de maquinização.

Padilha acertou ao transformar as dúvidas apontadas sobre as mudanças na base da trama original em enredo da nova trama. Tudo o que foi apontado como um erro nos rumores levantados durante a produção do longa foi apresentado e explicado de maneira bastante convincente como subsídio para a sua versão do Robocop.

Outro grande acerto - e aqui observamos a mão de um diretor que imprimi suas inteligentes preferências ao invés de seguir as demandas apontadas pelo estúdio contratante - foi o forte cunho político presente na história. Mídia, governo, polícia e iniciativa privada postos em rota de colisão (lembram de Tropa de Elite 2? rs .. então). Padilha transportou parte significativa deste universo para uma zona mais tecnológica e global, do ponto de vista do alcance que este filme pode ganhar. Algumas pessoas dizem que ele não saiu da zona de conforto, eu diria que dirigir em Hollywood já é alteração suficiente na zona de conforto de qualquer um.

Mais pontos favoráveis surgem com a escolha de um ator protagonista pouco conhecido do público (Joel Kinnaman). A construção do arquétipo do herói nasce de forma mais original ( ainda mais do que a de um Capitão Nascimento da vida).

Levando em consideração a dificuldade de lidar com uma trama querida por boa parte da audiência e com as intempéries de uma produção de grande porte, o diretor brasileiro pode considerar seu primeiro passo na carreira internacional um movimento muito mais consistente do que era esperado.

Nota: 8.5




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