terça-feira, 24 de maio de 2011

Via Crucis

De uma maneira geral, a comunidade jornalística acredita que ao inserir personagens em seus trabalhos estariam tornando os mesmo mais palpáveis, assimiláveis e, conseqüentemente, humanos. Tal procedimento, na realidade, acaba por reformular o foco da matéria. Ao invés de um predicado, o tema central passa a ser um sujeito (dotado de interesses próprios e pessoalidades).



Além disso, existe ainda outra conseqüência onerosa que seria a estereotipagem do personagem. Uma tentativa de enquadrá-lo, ainda que de forma indevida, no contexto da sua matéria.


Uma forma de tratar os personagens de um texto corretamente seria evitar o contato puramente virtual (e-mail, telefone e etc), driblando os complicadores adicionais que tal prática acarretaria. Uma vez que não se tem o contato pessoal, somos conduzidos a interpretações, muitas vezes, equivocadas.


Visto isso, chega-se à conclusão de que o jornalista aproxima-se da humanização quando tenta não desumanizar. Soa um tanto óbvio, mas é válido. “Humanizar é resistir à tentação de estandartizar”, tarefa não muito simples. Ao passo que desumanizar seria transformar fatos concretos em dados ou em estatísticas, coisificar. Não seguir esse segundo caminho, aparentemente, é a melhor maneira de trilhar o primeiro.



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