quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

.A espera.

Os olhos brigam tentando encontrar respostas sem revelar interesses. As mãos úmidas entrelaçam os dedos na tentativa de conter aquilo que já não cabe mais em mim. A boca insiste na tentativa inútil de manter-se fechada, embora as palavras sejam proferidas na claridão do silêncio.

Tudo o que faço é, entre uma gaguejada e outra, fingir que ainda estou ali, naquela sala, com todas aquelas pessoas, quando na realidade habito um plano paralelo onde estamos só nós. Nós dois, desaventurados errantes, reféns das rimas pobres, filhos da melancolia. Somos poucos, mas nos bastamos. Do que vale um mar de gente quando não se sabe nadar? Prefiro uma poça de afeto. Rasa em sua aparência, mas profunda em sua intensidade.

Pisco os olhos e não te encontro mais. Volto do meu mundo paralelo para aquela sala sem graça, que agora tem ainda menos cor. Te procuro em vários rostos, vozes e sombras. Mas tudo parece  perdido, definitivamente "acabamos sem começar". Só o que me resta é guardar minha vontade e aguardar o seu retorno, pra que eu possa te dizer tudo aquilo que minha vergonha insiste em calar. Tudo aquilo que não está dito, mas já foi declarado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Marlon, que lindo texto. Fiquei encantada com suas palavras, e acredite, me vi na mesma situação. Foi como se passasse a cena ao longo da minha leitura. Que simplicidade. Eu poderia ter lido qualquer outra crônica hoje, mas essa fez todo o sentido.