segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não existe métrica pro amor

Uma vez escrevi em um dos meus textos (cujo link não vou postar aqui porque se perdeu no limbo do meu antigo blog) o meu inconformismo diante da deturpação do amor. Sabe aquela pessoa que já está casada, mesmo sem a cerimônia, mas não percebe isso? Muitos casais terminam em decorrência do momento em que uma das partes decide que precisa "formalizar" a relação sem levar em consideração se a outra está pronta para isso. Como se a tal relação já não fosse formalizada desde o momento em que se entregaram um ao outro e outro ao um.

O texto dizia "Não existe métrica para o amor..." e acredito firmemente nisso. O que torna a sensação de estar apaixonado tão bacana é justamente essa falta de palavras para descrevê-la.  Quando pensamos em rotular um namoro de 7 anos, por exemplo, com um casamento, estamos apenas atribuindo um caráter social a algo que deveria ser integralmente emocional. Vejam bem, não estou aqui dizendo que sou contra casamentos. Muito pelo contrário. Só estou relatando que já vi (e continuo vendo) muitos casais terminarem na hora errada por insistência em dar um passo muitas vezes precipitado.

Não há necessidade de traduzir aquilo que é sentido pelo casal para terceiros (por mais que estes tentem - e consigam - interferir na relação). É justamente o entendimento dessa dinâmica que faz com que existam namorados de poucos meses que sabem exatamente o que o outro pensa e casais que, embora tenham completado bodas, não sabem metade dos sonhos e frustrações de seu companheiro (a).

Bauman, em seu livro "Amor Líquido" já defendia (mesmo sem dar nome aos bois) “A misteriosa fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos conflitantes (estimulados por tal sentimento) de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos, é o que este livro busca esclarecer, registrar e apreender.”. "Amor Líquido" é um livro que já li duas vezes e sempre me norteia em muitas reflexões. É muito fácil localizar essa descrição feita pelo autor nos relacionamentos pós-modernos. Tendemos ao convívio amoroso e ao "compartilhar", mas ao mesmo tempo sentimos uma imensa necessidade de demarcar o nosso próprio espaço, afrouxando as amarras e deixando claro que só se é 'dois' porque antes existiu um 'um'. E este 'um' merece e precisa ser respeitado.

É como diz a música do Cidade Negra "Amor que não se mede...".


Um comentário:

Aline Netto disse...

Olá, vi que segue o meu blog Datilografia para Amadores. Agora ele mudou de endereço e de cara, mas com o mesmo conteúdo! Siga em http://devaneiosdemadrugada.wordpress.com/

Obrigada!

Bjs
Aline Netto