domingo, 20 de janeiro de 2013

Invisível, mas tangível.

Anteontem fui levar minha irmã ao médico e na volta passamos na livraria. Era a segunda vez na semana que eu tentava comprar um exemplar de As Vantagens de Ser Invisível e, desta vez consegui.

Soube do livro há menos de seis meses, quando assisti ao trailer da adaptação cinematográfica. Fiquei bastante empolgado, pois trata-se de um dos meus estilos de leitura favoritos. Gosto de textos centrados no tempo psicológico e tenho uma predileção maior ainda pelos que o fazem através da narração em primeira pessoa.

De certa forma, nós vivemos as emoções e lembranças do protagonista, ja que a única fonte de informação é o relato dele. Toda interferência externa é ignorada e essa crueza no discurso se acentua ainda mais quando o texto é baseado em cartas.

Quando souberam que eu havia iniciado a leitura, alguns amigos disseram que não gostaram do livro. Que muita coisa era diferente daquilo que foi mostrado no cinema.. não ligo muito pra isso, mas acho que é uma sensação que domina aqueles que não fizeram leitura do texto original primeiro... antes de ver o filme.

Há dois dias com o livro, acabei de chegar na metade dele. Interrompi justamente em um momento bem intenso da trama pra conservar minha alegria ao escrever esse relato. Simplesmente tô embasbacado com a força e ao mesmo tempo sutileza com que o autor Stephen Chbosky conta a vida de Charlie. São metáforas tão certeiras, pensamentos tão bem desenhados, que fica difícil não admitir que esse personagem pode ser um vizinho, um amigo, ou você mesmo.

Pode ser que eu me decepcione bastante com o que ainda está por vir, mas é justamente por isso que resolvi escrever agora.. enquanto ainda respiro ofegante e feliz com o que leio.

Ao longo de todo livro, Charlie cita músicas como referências. Tenho escutado todas enquanto leio e isso tem sido bem interessante. Aos poucos, a Literatura pode estar descobrindo um caminho para a sinestesia... coisa que no cinema já é bem mais natural, desde o fim do cinema mudo.

Uma coisa curiosa é a presença de Something, dos Beatles, no livro (espero que também esteja no filme). Essa música me acompanha desde a infância, tanto que publiquei um texto sobre ela aqui no blog. É engraçado como Charlie tem uma relação com a música bem parecida com a minha.

Gosto também da banalização da polêmica. Pouca vezes li um texto que cita álcool, drogas e sexo sem o peso do maniqueísmo. Aqui, o que importa é o background do personagem influenciando quem ele é. Os sentimentos sobram e engolem qualquer polêmica.

Enfim, até agora, algumas frases não saem da minha cabeça ("somos infinitos!" / "a gente tem o amor que acha que merece.").

Pode até ser que Charlie seja invisível. Se isso é vantajoso ou não? Sinceramente não sei. Mas sei que não precisamos ver para tocar e entender. O invisível, às vezes, pode ser muito mais evidente do que a mais sólida construção humana.

5 comentários:

Anônimo disse...

A invisibilidade pode ser a linha que inspira o livro, mas o que escreves torna-se visível pela clareza de suas ideias

Unknown disse...

Muito bom ler isso que escreveu sobre o livro, pq é exatamente o que senti pelo filme. As canções com certeza trazem o feeling para cada momento da história, principalmente se vc já as conhece e as confere tal importância ou assimila a algo na sua vida parecido ao momento vivido na trama. Gostaria de ler o livro ,se vc quiser me emprestar estarei em uma baia de trabalho quase na frente da sua!
Sobre "something", vc deve gostar daquele filme brasileiro " as melhores coisas do mundo", certo? Eu amo!

Bjs

http://femmetoilet.blogspot.com

Marlon Eduardo Faria disse...

Obrigado pelos elogios, Antonio. São muito importantes pra mim.

Elen, ainda precisamos conversar muito sobre o livro/filme. Tô completamente viciado...

Gosto de mais de "As melhores coisas do mundo". Something é uma música muito especial e adorei como ela foi aproveitada no filme.. Curiosidade: Sabia que esse foi o primeiro filme nacional a conseguir uma música dos Beatles na trilha sonora? rs Coisas que descubro com a internet rs

P.S: pode deixar que assim que acabar de ler te empresto :)


Bjs

Matheus disse...

Olá Marlon, eu sou resenhista do Eu leio, eu conto e fui eu quem escreveu a resenha de As vantagens de ser invisível por lá... Como você havia pedido em um comentário, dei uma passada por aqui para ler o seu relato sobre o que é ler esse livro. Concordo com muitas coisas que você disse, o livro é realmente muito intenso, os sentimentos são bastante críveis, a presença da música dá um outro toque a estória, os temas polêmicos (álcool,drogas, sexo) dão uma complexidade ainda maior ao livro, e a personalidade instigante do Charlie faz com que não nos cansemos de torcer por ele. Ainda não tive a oportunidade de ver o filme, mas tenho certeza que ele nunca conseguirá tocar em mim como o livro tocou. Não sei se você já terminou a leitura, mas se ainda não, se prepare para fortes emoções, se sim, espero que tenha gostado ainda mais... Obrigado por acompanhar o blog, e até a próxima.

Unknown disse...

Oi Marlon. Não vi o filme e nem li o livro. Nada me animou para que eu pudesse encontrar essa obra quanto seu relato. Ah, já que a primeira vez que escrevo por aqui: Amei seu blog. Um grande beijo.