"... e então sorri. Nem sei bem por que razão. Não havia motivo algum para achar graça. Sorri, simplesmente pelo gesto mecânico de mostrar o branco dos dentes emoldurados pelos lábios enlarguecidos.
Como meu gesto não foi bem aceito por ela, fiquei sem jeito. E a expressão alegre deu lugar a um desespero inquietante. Decidi então migrar do riso para o campo do sarcasmo, e vesti esse personagem. Bom ator que sou, fiz minha melhor cara de deboche (embora por dentro, mergulhasse numa atitude ainda mais deseperada que a anterior) e tive o desprezo como resposta.
Escorreguei para a cama e fiz dela o meu túmulo. Cada pensamento que me ocorria funcionava como uma pá de areia sendo lançada sobre meu caixão. As frases estampadas em minha blusa eram meu epitáfio e , por não ser tão querido, eu mesmo chorava por me perder. Apenas espio a janela.
Quando a noite se consuma, perfeita, sem lua nem estrelas, sem encanto, sem nada, me perco e percebo que é este mesmo o meu desejo. Permanecer eternamente resguardado dentro de mim."

2 comentários:
Oi! N consegui seguir o blog!
Algum problema? Por favor, me avise assim que corrigir! Obrigado!
http://www.sintonizesuavida.blogspot.com
legal, bom texto... sucesso!
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